sábado, 17 de março de 2012

Eternamente Jovem

Imagens Google

Essa semana me deparei com algo muito inusitado, pelo menos para mim, sobre a busca da juventude eterna sem rugas na pele. A matéria de uma revista ressaltava a revolução do novo “botox”: veneno de cobra e abelha para a suavização das rugas através de um método não invasivo.


 Fiquei imaginando, o que levaria um ser humano de 80 anos ter cara de 20... Acredito, que além da falta de aceitação do tempo que passa para si e para todos, algumas pessoas acreditam na possibilidade de “envelhecerem novos”. O que isso significa? Ter a mesma cara, a mesma disposição física, o mesmo entusiasmo quando adolescente numa idade avançada. Não estou dizendo que seja impossível, mas isso, vem de dentro para fora e não ao contrário. 

Os benefícios de uma boa alimentação, prática de exercícios físicos, amizades, amores e trabalho, constituem uma gama de interações que só trazem benefício à mente e ao corpo. É claro que eu também gostaria de envelhecer e não ter rugas e nem cabelo branco, mas por que isso nos incomoda tanto? Tememos ser esquecidos pela sociedade e pelo mercado de trabalho se deixarmos nos levar pela aparência...

Sofremos um problema que não é exclusivo do Brasil: o ageism, termo criado por Robert Butler, que é a discriminação de indivíduos e grupos devido à idade. Temos a tendência em acreditar que o idoso não serve mais para nada e que não sabe mais nada. As rugas são parte intrínseca de sua idade, na qual queremos até chegar um dia, mas sem as marcas do tempo no corpo. Lembro-me, que meu pai, perguntou ao médico se era possível não ficar velho. A resposta, que eu já sabia, foi: “VocÊ pode morrer antes de ficar velho”.

Imagens Google
 Lógico. Mas reclamamos mesmo assim quando alguém, na flor da juventude, parte de maneira inusitada e falamos: “ Nossa, era tão novo. Tinha tanta coisa pela frente...” Difícil entender o que desejamos, não é? Não é fácil elaborar esse processo do envelhecer, perdemos muitas coisas no meio do caminho, mas fazem parte de todo ser humano.     

Desejo que possamos apreciar o envelhicmento de forma saudável sem a loucura de buscar tratamentos “estica-e-puxa” e outros “venenos” para apagar a sabedoria que adquirimos exposta como marcas do tempo. Se pensarmos que daqui uns 30 anos seremos idosos, como iremos nos comportar? Por isso, envelhecer é uma conquista(Madrid,2002).

domingo, 4 de março de 2012

A importância da relação mãe-bebê

Pesquisadores da Universidade Estadual de Ohio (EUA),descobriram que crianças cujo relacionamento com a mãe é problemático são pelo menos duas vezes mais propensas a serem obesas quando crescem. Quase mil voluntários participaram do estudo  que foram avaliados ainda bebês e de novo aos 15 anos. Entre os que eram bem próximos da mãe, 13% estavam acima do peso na adolescência. Já entre os que não mantinham um laço emocional forte com ela, 26% apresentavam sinais de obesidade. A hipótese mais provável dos pesquisadores é a de que as crianças comam mais e engordem ao substituir o amor da mãe por sorvete, pizza, bolo de chocolate ...

Acredito que a conclusão da pesquisa, embora tenha acompanhado por quinze anos essas crianças, foi simplória, pois poderíamos agregar outros fatores intervenientes que corroboram para o seu desfecho. Já sabemos exaustivamente que a obesidade é multifatorial e por isso, depende de elementos para seu desenvolvimento. Embora não seja participante da psicanálise, acho belíssimo o trabalho de Donald Winnicott, pediatra e psicanalista, que aborda tão brilhantemente essa relação tão importante em nossas vidas. E é sobre isso que pretendo escrever correlacionando com a pesquisa.

Winnicott nos fala que no relacionamento entre a mãe e seu bebê “é necessário disitinguir aquilo que pertence à mãe daquilo que já começa a desenvolver-se na criança.” Ou seja, nessa relação cada um tem características próprias que devem ser respeitadas, do contrário, pode vir a transformar-se numa simbiose.Ele também escreve que a mãe suficientemente boa é aquela que apóia o ego da criança em todos os aspectos, reforçando-o desde cedo a desenvolver padrões pessoais marcados por tendências hereditárias.

blogdobebe.com

Quando esse apoio não existe, ou é fraco, ou intermitente, esses bebês têm problemas de desenvolvimento pessoal com colapsos ambientais. Quando são bem cuidados, os bebês, rapidamente se establecem como pessoas, sendo diferentes entre os outros.  Ao passo que, àqueles que recebem apoio egóico inadequado ou patológico, tendem a apresentar comportamentos semelhantes (inquietude, estranhamento, apatia, inibição).

Quantas vezes vemos bebês irritadiços por qualquer motivo e outros tão participativos e alegres estando ambos no mesmo ambiente? È lógico que não podemos afirmar veementemente,sem conhecer cada situação, que são frutos de mães com apoio egóico diferentes, mas já imaginamos que sim ao continuarmos obeservando as cenas que se desenrolam.

Não é fácil analisar o comportamento humano. Concluir, que o excesso de peso foi fruto da relação mãe-bebê, como a referida pesquisa o fez, é um reducionismo. Podemos perguntar:  Essa relação era proveniente de abusos verbais, sexuais ou algum depreciamento? Ou, será que essa mãe era excessivamente amorosa? Ou ainda, será que era excessivamente cuidadosa? O quanto essas ações foram prejudiciais nessa análise durante os quinze anos?

Talvez, no afã de querer associar o tipo de relação que temos da infância  a adolescência com nossas mães, o pesquisador tenha esquecido de mencionar que a obesidade também pode se desenvolver devido a outros transtornos psiquiátricos.

Seja como for, as mãe estarão sempre no centro das discussões quando o assunto é sobre o comportamento de seus filhos. E  Winnicott  já sabia disso quando ressaltou que “o crescimento não é só flores para a criança; para a mãe é muitas vezes um caminho pontilhado de espinhos” (p.57)

Fonte:

Revista Super Interessante. Edição 302, Março/2012 (Pesquisa)
WINNICOTT, Donald W. A família e o desenvolvimento individual. Martins Fontes, São Paulo, 2005.