quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

A loucura na sociedade


O post de hoje tem a ver com a loucura. Viajando pela serra, parei e fotografei o muro desta clinica, que fica em Nova Friburgo e abriga alguns doentes mentais.
Isto me lembrou o livro de Machado de Assis, O Alienista, que trata justamente da loucura na sociedade.
Arquivo pessoal

O livro fala da fronteira entre razão e loucura, enfocando a questão do poder para lidar com isso. O médico da corte, Dr. Simão Bacamarte ( o alienista), ao chegar a Itaguaí, sua terra natal, torna-se obcecado em estudar a loucura. Elabora teorias e resolve separar os loucos dos sãos fundando a Casa Verde, o manicômio da cidade.

E assim, resolve encarcerar todas àqueles que, de acordo com sua teoria, apresentava algum desvio no comportamento. Foram internados os excessivamente vaidosos,  indecisos, emprestadores de dinheiro ...Com o tempo, o manicômio ficou tão cheio, que o restante da população que não estava internada, resolveu fazer uma rebelião.

Para encurtar a história, pois aqui não há tempo hábil para narrar esse belíssimo livro, Dr. Simão Bacamarte concluiu que ter algum desequilíbrio nas pessoas era normal. Os ditos “loucos” foram soltos  e ele resolveu se internar na Casa Verde. A partir daí, começa uma série de estudos e conclui que ele era o verdadeiro louco, pois dentro de uma sociedade na qual a loucura era tratada como normal, quem era são, deveria ser internado. E foi isso que o médico fez, sendo único interno de todo manicômio.

Não quero dizer com o exemplo do livro, que temos que soltar ou não procurar ajuda para aqueles que apresentam um desequilíbrio mental. Ao contrário, o importante é entender a loucura dentro de um contexto e tentar assimilar o que ela diz para o suposto louco. Surpreendo-me, algumas vezes, com a pergunta de pessoas diante de um comportamento: “Kelvya, isso é normal?” Mas o que é normal? Será que tudo deve ser patologisado?

Acredito que devemos tratar com respeito nossos “loucos”  se assim forem, mas não porque têm um comportamento diferenciado que afeta somente a ele. Tem pessoas que quando passam na frente de igreja, fazem o sinal da cruz, para mim não significa nada, mas para outros, é um símbolo de respeito/proteção. Quem é estranho? Eu ou o outro? Depende com quais olhos a gente vê... Outro exemplo: falar sozinho. Muita gente fala para si sobre as coisas que tem que fazer em voz alta com se fosse um lembrete mental das tarefas. Outros, porque são doentes mentais mesmo. Mas como saber, com certeza inequívoca, à primeira vista, quais dos dois é o doente?

Diante disso, só posso concluir este post usando a frase de Machado de Assis: "O mal não parece estar no racional ou no normal mas no humano..."