quarta-feira, 30 de maio de 2012

Neurônios-espelho: O que são?

Os neurônios-espelho foram descobertos por acaso pela equipe do neurocientista Giacomo Rizzolatti, da Universidade de Parma, na Itália. O grupo colocou eletrodos na cabeça de um macaco, um aparato que permitia acompanhar a atividade dos neurônios na região do cérebro responsável pelos movimentos através de um monitor. Cada vez que o macaco cumpria uma tarefa, como apanhar uva-passas com os dedos, neurônios no córtex pré-motor, nos lobos frontais, disparavam. Quando um aluno entrou no laboratório e levou um sorvete à boca, o monitor apitou – foi uma surpresa para os cientistas, porque o macaco estava imóvel. O mais intrigante é que sempre que o macaco assistia o experimentador ou outro macaco repetir essa cena com outros alimentos os neurônios disparavam.


Google Images
Mais tarde, exames de neuroimagem mostraram que nós temos neurônios- espelho muito mais sofisticados e flexíveis que os dos macacos. “Nosso conhecimento do motor e a nossa capacidade de ‘espelhamento’ nos permitem compartilhar uma esfera comum de ação com os outros, dentro do qual cada ato motor ou cadeia de atos motores, sejam eles nossos ou dos demais, são imediatamente detectados e intencionalmente compreendidos antes e independentemente de qualquer mentalização”, observa Rizzolati.

A equipe do neurocientista Giovanni Buccino, da Universidade de Parma, usou ressonância magnética funcional para medir a atividade cerebral de voluntários enquanto eles assistiam a um vídeo que mostrava sequências de movimentos de boca, mãos e pés. Dependendo da parte do corpo que aparecia na tela, o córtex motor dos observadores se ativava com maior intensidade na região que correspondia à parte do corpo em questão, ainda que eles se mantivessem absolutamente imóveis. Ou seja, o cérebro associa a visão de movimentos alheios ao planejamento de seus próprios movimentos.

Outras experiências mostram que os neurônios-espelho dos macacos ainda são ativados diante de um estímulo indireto, que é associado a uma tarefa. Por exemplo, o som de uma casca de amendoim se quebrando. Isso se deve a neurônios-espelho, audiovisuais que seriam importantes na comunicação gestual desses animais. Nos seres humanos isso também é possível: os neurônios são ativados quando a pessoa imita, complementa uma ação ou quando apenas imagina ela própria realizando essas mesmas ações.

“Os neurônios-espelho mudaram o modo como vemos o cérebro e a nós mesmos, e têm sido considerado um dos achados mais importantes sobre a evolução do cérebro humano”, diz o neurocientista Sérgio de Machado, pesquisador e pós-doutorando do Laboratório de Pânico da UFRJ. “Se a tarefa exige compreensão da ação observada, então as áreas motoras que codificam a ação são ativadas. Isso indica que há uma conexão no sistema nervoso entre percepção e ação, e que a percepção seria uma simulação interna da ação”, completa.

Particularidades dos neurônios-espelho


O pesquisador Giovanni Buccino destacou algumas particularidades do seu estudo com os neurônios-espelho:
• Os neurônios só são ativados quando o experimentador interage com um objeto (como uma mão pegando uma banana).
• Os neurônios não são ativados quando a ação observada for simplesmente imitada, isto é, executada sem a presença do objeto.
• Os neurônios não são ativados durante mera apresentação de objetos.
• Nossa sobrevivência depende do entendimento das ações, intenções e emoções das outras pessoas.
• Experimentos com tomografia por emissão de pósitron mostraram que as áreas ativadas durante a observação de um sujeito pegando um objeto foram:
- sulco temporal superior
- lobo parietal inferior
- giro frontal inferior
(todos no hemisfério esquerdo)
• Metáforas
Os neurologistas Paul McGeoch, David Brang e Vilayanur Ramachandran, da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, mostraram que é graças aos neurônios-espelho que somos capazes de interpretar metáforas.

* Matéria escrita por Roberta Medeiros, retirada do site www.portalcienciaevida.com.br


segunda-feira, 7 de maio de 2012

Ganho de peso associado a personalidade

Essa é uma matéria retirada da ABESO, como achei interessante e útil, gostaria de compartilhar.



Imagens Google
Disponibilidade para novas experiências, sensibilidade aos sentimentos dos outros, extroversão, capacidade de concordar e discordar e níveis de preocupação. Essas características foram consideradas em um estudo sobre obesidade, realizado durante cinco décadas, nos Estados Unidos.

Um grupo de pesquisadores do Estado de Baltimore mediu o Índice de Massa Corporal (IMC) de 1.998 pessoas e cruzou os dados com avaliações psicológicas.
Depois de mais de 15 mil checagens e medidas, no período de 50 anos, a conclusão foi a de que o temperamento tem fortes conexões com as chances de desenvolver a obesidade ao longo da vida.
Segundo a pesquisadora Angelina Sutin, do Instituto Nacional do Envelhecimento, dos EUA, coordenadora do trabalho, constatou-se existir uma diversidade de traços de personalidade, relacionada ao ganho de peso. Além disso, cada uma desses traços contribui para isso de maneira diferente.
Com rigor científico, a pesquisa demonstrou que características como impulsividade, generosidade, perfeccionismo, tristeza, medo, culpa, raiva e vergonha predispõem os indivíduos ao ganho de peso. Angelina Sutin é categórica em afirmar que tais características permitem predizer que a pessoa se tornará obesa com o passar do tempo.
Além disso, o trabalho de Baltimore mostrou que desempenhar muitas tarefas ao mesmo tempo, especialmente quando se está sentado à mesa para uma refeição, e a dificuldade em dormir, também sugerem um maior consumo de calorias.
No entanto, o que mais chamou a atenção no estudo foi o fato de pessoas extrovertidas, amigáveis e disponíveis para situações inusitadas terem mais tendência a engordar.
Em razão dessa pesquisa, outros centros de estudo começaram a focar no entendimento mais profundo das origens da obesidade em relação à personalidade das pessoas.
Em outra pesquisa de cientistas da Case Western Reserve University (EUA), foi observado que pessoas que estão sempre dispostas a agradar outras comem mais em ocasiões sociais.
De acordo com a autora desse estudo, a psicóloga Julie Exline, essas pessoas sentem ainda mais pressão para comer quando consideram que isso irá ajudar outras a se sentirem melhor. O estudo de Julie foi publicado na última edição do Journal of Social and Clinical Psychology.
Outro trabalho ainda, comandado pelo cientista Robert Cloninger, da Escola de Medicina da Universidade de Washington (EUA), revelou que indivíduos mais afeitos à busca de experiências novas e sensações agradáveis também ingerem mais alimentos.
Para Cloninger, as causas da obesidade parecem ser bastante semelhantes aos motivos que levam ao alcoolismo e à dependência de substâncias psicoativas.
 
Fonte:
www.abeso.org.br