segunda-feira, 11 de junho de 2012

Nossos esquecimentos...

Durante o término do laudo de um paciente, me veio à mente a tentativa de lembrar o nome do meu dentista, mas não conseguia  por nada!!  De tanto me esforçar e tentar associar o nome  a alguma coisa que eu tivesse mais contato, acabei conseguindo. E é claro, isso tem uma explicação! Não sou fã de Freud, mas confesso que, com relação a esquecimentos,  enquanto humanista que sou, fez certo sentido para mim ...
Existe um livrinho de bolso bacana, reescrito por Silvia Alexim Nunes, intitulado “A Psicopatologia da Vida Cotidiana”, no qual aborda conceitos freudianos com uma linguagem mais fácil e acessível a todos que se interessam pelo assunto. No capítulo sobre esquecimentos e lembranças, dividiso em mais quatro subcapítulos (digamos assim), existem um em especial que gostaria de tratar aqui: esquecimento de nomes próprios.

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Referi-me a este, não só por conta do meu relato inicial, mas porque isso ocorre todos os dias com as mais diferentes pessoas. Assim, entendemos que “ o nome não é só esquecido, mas erroneamente lembrado. Ao nos esforçarmos para lembrara o nome perdido, outros nomes (nomes substitutos) entram em nossa consciência e, sabemos de imediato que não são o nome que procuramos, embora eles insistam em se impor”.
Lembro também que, esquecemos aquilo que nos trouxe desprazer e fazemos de tudo para que tal lembrança não volte a nossa mente, seja desviando-se de um caminho na rua ou “apagando” da consciência o nome de alguém que nos fez sofrer. Em geral, tal lembrança nos remete a antipatia, ressentimento, repulsa, amor, culpa.
Quando dei meu exemplo, estava tentando responder ao meu marido o nome da dentista que me atende. Apesar de frequentar seu consultório há alguns anos, não me sinto a vontade indo ao dentista. Durante horas tentei lembrar em vão do nome e “do nada” consegui uma associação nada convencional e, aparentemente sem sentido para outros, mas essencial para mim. Fiz o seguinte deslocamento: o nome era Jussara, mas não conseguia recordar nem o inicio da primeira silaba, então, lembrei-me de Barão de Juparanã. Daí pra frente, foi mais fácil e nunca mais esqueci. Ressalto que gosto muito dessa dentista, ótima profissional. Meu problema não é pessoal, mas com a profissão. Quando era criança usei durante anos aparelho ortodôntico, o que me causava grande desconforto. Aliado a isso tudo, sentia dores pela correção dos dentes e deboche de outras crianças da escola. Pensando assim, meu motivo de esquecimento tem razão não é? Não querer lembrar das dores é compreensível, mas enfrento meu problema, apesar suar as mãos quando tenho consulta marcada!!
Em outra situação, houve a necessidade de lembrar o nome de uma pessoa com a qual eu não tinha muito contato e o pouco que tive era superficial, pois, não tínhamos nenhuma afinidade. Quando me perguntavam o nome, me vinha tudo á mente, menos o nome... Decidi que teria que vencer essa barreira imposta pela minha mente, pois se tratava de uma antipatia e, depois de alguns meses, fiz outro deslocamento interessante. Visitando um bairro de Nova Iorque, chamado Soho, vi uma loja de roupas chamada Ermenegildo Zegna, a princípio achei o nome muito estranho e difícil até de ler numa placa na entrada da loja. Foi quando tive o  insight  e fiz a tal associação. O nome tentado lembrar em vão era Ermelinda. Hoje em dia, já não preciso mais do deslocamento, pois nos damos bem. Foi tão engraçado, que não tive como deixar passar.
Sendo assim, Freud nos diz que há duas fontes principais para esquecer nomes: aqueles que o próprio nome toca em algo desagradável e aqueles nos quais ele entra em contato com outro nome que tem essa capacidade.
De agora em diante, pensemos mais sobre os esquecimentos de maneira focada.  Quando descobrimos por que esquecemos (dor, amor, frustração) torna-se mais fácil lembrar.



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