sábado, 23 de julho de 2011

O QUE É SER NORMAL?

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Há algumas semanas, fui surpreendida pela pergunta de uma paciente querendo saber se ter medo de palhaço era normal. Como queria saber o porquê do questionamento, perguntei se era ela quem tinha medo.

_ “Não, é meu filho”. Respondeu.
Nesse momento o menino de 6 anos chega, me abraça, e pergunto a ele:
_”Você tem medo de palhaço? Eu também!!!” Disse.
Ele olhou com alívio e a mãe que acreditava que o filho tinha algum problema, exclamou:
_”Você tem medo de palhaço? Então é normal? Ah, que bom saber disso, achava que meu filho tivesse algum problema...” Disse a mãe.

          Gente, o que temos aqui? Uma pessoa que por ser atendida por um psicólogo já se encontra numa posição perante a sociedade de que algo não esta indo bem consigo. Concluiu daí, que seu filho também poderia ter um problema. Mas por que isso?

          A mãe, por conta de um problema com o qual não estava conseguindo lidar sozinha, procurou um psicólogo para auxiliá-la. Procurou um hetero-suporte, como fala a abordagem Gestáltica. Para ela é válido, mas quando o filho apareceu com isso de ter medo de palhaço, tal fato realmente a preocupou.

Hoje procura-se saber o que é normalidade como quem procura saber o que é saúde. Nesta última ainda é um pouco mais fácil, pois tem-se a definição da Organização Mundial de Saúde (OMS) dizendo que saúde é um estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não apenas a ausência de doenças. Mas e quanto à normalidade? Como é possível classificar o que é normal?

            Pode-se dizer o que se espera do outro, dentro de uma perspectiva global, é que ele não tenha nenhum hábito estranho, não tenha comportamentos duvidosos, não aja de maneira equivocada em certas situações, não seja nem muito agressivo e nem muito submisso, não tenha medos irracionais... Difícil compreender e esperar de um sujeito, que ainda em desenvolvimento, tanta “normalidade” e ainda parcimônia diante dos enfrentamentos naturais que a vida oferece.

            E aí vem a pergunta de novo: ter medo de palhaço é normal?  Claro que existem casos, traumas pelos quais a pessoa passa e dos quais jamais irá se esquecer e como forma de continuar a viver, o inconsciente transforma isso em algo aceitável. Mas, não era o caso desse menino. Ele não gostava do palhaço porque não sabia quem estava por trás da máscara assim como eu.

             Mas então ele é normal porque eu sou? A mãe me tomou como parâmetro da mesma forma que o médico toma como referência a OMS e, assim,  classifica a psicopatologia do sujeito utilizando o CID 10 ou DSM IV.

         A missão do psicólogo, acredito, não deve se ater  a responder somente às patologias do sujeito em conflito, mas sim procurar o que ele tem de bom para mostrar que pode haver outras formas de fazer a mesma coisa. Nossa missão não é somente dar laudos descrevendo o problema, mas sugerindo soluções.






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