domingo, 4 de março de 2012

A importância da relação mãe-bebê

Pesquisadores da Universidade Estadual de Ohio (EUA),descobriram que crianças cujo relacionamento com a mãe é problemático são pelo menos duas vezes mais propensas a serem obesas quando crescem. Quase mil voluntários participaram do estudo  que foram avaliados ainda bebês e de novo aos 15 anos. Entre os que eram bem próximos da mãe, 13% estavam acima do peso na adolescência. Já entre os que não mantinham um laço emocional forte com ela, 26% apresentavam sinais de obesidade. A hipótese mais provável dos pesquisadores é a de que as crianças comam mais e engordem ao substituir o amor da mãe por sorvete, pizza, bolo de chocolate ...

Acredito que a conclusão da pesquisa, embora tenha acompanhado por quinze anos essas crianças, foi simplória, pois poderíamos agregar outros fatores intervenientes que corroboram para o seu desfecho. Já sabemos exaustivamente que a obesidade é multifatorial e por isso, depende de elementos para seu desenvolvimento. Embora não seja participante da psicanálise, acho belíssimo o trabalho de Donald Winnicott, pediatra e psicanalista, que aborda tão brilhantemente essa relação tão importante em nossas vidas. E é sobre isso que pretendo escrever correlacionando com a pesquisa.

Winnicott nos fala que no relacionamento entre a mãe e seu bebê “é necessário disitinguir aquilo que pertence à mãe daquilo que já começa a desenvolver-se na criança.” Ou seja, nessa relação cada um tem características próprias que devem ser respeitadas, do contrário, pode vir a transformar-se numa simbiose.Ele também escreve que a mãe suficientemente boa é aquela que apóia o ego da criança em todos os aspectos, reforçando-o desde cedo a desenvolver padrões pessoais marcados por tendências hereditárias.

blogdobebe.com

Quando esse apoio não existe, ou é fraco, ou intermitente, esses bebês têm problemas de desenvolvimento pessoal com colapsos ambientais. Quando são bem cuidados, os bebês, rapidamente se establecem como pessoas, sendo diferentes entre os outros.  Ao passo que, àqueles que recebem apoio egóico inadequado ou patológico, tendem a apresentar comportamentos semelhantes (inquietude, estranhamento, apatia, inibição).

Quantas vezes vemos bebês irritadiços por qualquer motivo e outros tão participativos e alegres estando ambos no mesmo ambiente? È lógico que não podemos afirmar veementemente,sem conhecer cada situação, que são frutos de mães com apoio egóico diferentes, mas já imaginamos que sim ao continuarmos obeservando as cenas que se desenrolam.

Não é fácil analisar o comportamento humano. Concluir, que o excesso de peso foi fruto da relação mãe-bebê, como a referida pesquisa o fez, é um reducionismo. Podemos perguntar:  Essa relação era proveniente de abusos verbais, sexuais ou algum depreciamento? Ou, será que essa mãe era excessivamente amorosa? Ou ainda, será que era excessivamente cuidadosa? O quanto essas ações foram prejudiciais nessa análise durante os quinze anos?

Talvez, no afã de querer associar o tipo de relação que temos da infância  a adolescência com nossas mães, o pesquisador tenha esquecido de mencionar que a obesidade também pode se desenvolver devido a outros transtornos psiquiátricos.

Seja como for, as mãe estarão sempre no centro das discussões quando o assunto é sobre o comportamento de seus filhos. E  Winnicott  já sabia disso quando ressaltou que “o crescimento não é só flores para a criança; para a mãe é muitas vezes um caminho pontilhado de espinhos” (p.57)

Fonte:

Revista Super Interessante. Edição 302, Março/2012 (Pesquisa)
WINNICOTT, Donald W. A família e o desenvolvimento individual. Martins Fontes, São Paulo, 2005. 



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