sábado, 8 de outubro de 2011

Como anda a sua memória?

Como já foi dito em posts anteriores, a memória é essencial para nossa sobrevivência, formação de redes sociais, aprendizagem, enfim, para que tenhamos nosso lugar no mundo. Imagine se começássemos a esquecer quem somos, onde moramos e mudássemos de atitude bruscamente do dia para a noite? Há pessoas que são acometidas por doenças degenerativas, como o mal de Alzheimer, que causam esquecimentos sutis no inicio, e que depois passam a se apresentar de forma mais acentuada. Há quem sofra uma pancada, um acidente, e a partir daí mude radicalmente seu comportamento comprometendo toda sua vida.

alz.org
No caso da doença de Alzheimer, há degeneração e morte celular no hipocampo (responsável pela consolidação de novas memórias de longa duração e relação espacial) e regiões vizinhas ao córtex, como conseqüência de processos metabólicos alterados nos neurônios dessa região. Isso leva à formação de emaranhados de fibras nervosas e placas formadas pelo depósito de uma proteína em quantidade excessiva pelas células nervosas. Os sintomas são: esquecimentos maiores do que o habitual, principalmente para fatos recentes, irritabilidade excessiva, déficit de linguagem, dentre outros.

Há casos clínicos na literatura, como o do americano Phineas Gage, funcionário de uma ferrovia que teve seu córtex pre-frontal destruído por uma barra de ferro em 1868. Ele sobreviveu e manteve suas funções cognitivas normais, mas teve sua personalidade modificada. Se antes era zeloso, responsável e sério, passou a ser displicente, vagueando de um emprego a outro, dizendo grosserias e exibindo a barrra de ferro que o ferira. Nem seus amigos o reconheciam mais.

Imagens Google

Estudos realizados por cientistas espanhóis da Universidade Pablo de Olavide de Sevilha, em 2007, sobre o córtex pré-frontal, dizem que este está relacionado à estratégia: decidir que seqüências de movimento ativar e em que ordem, além de avaliar seu resultado. Por esta descoberta, conseguiram correlacionar, também, alguns transtornos psiquiátricos, como a esquizofrenia, com a alteração no córtex pré-frontal.

Henry Molaison (HM) faleceu em 2008 com 82 anos

Há outro caso na literatura interessante, sobre o paciente canadense HM, que sofria de epilepsia convulsivante desde a adolescência. Pelo numero de ataques por dia que ele sofria, foi sugerido pelos neurologistas uma cirurgia radical, visando remover os focos  epiléticos. Logo após o procedimento cirúrgico, constatou-se grande melhora no quadro convulsivo, mas, também, grande perda de memória. Isso foi em 1953, quando HM tinha 27 anos. Após vários anos da cirurgia, ele dizia não recordar-se dela, não reconhecer os profissionais de saúde que o atenderam, e nem de fatos ocorridos a partir de 1953. Lembrava-se, no entanto, de fatos ocorridos antes da cirurgia, fatos mais antigos de sua vida, exceto aqueles no período de dois a três anos precedentes à cirurgia. O quadro era de uma amnésia anterógrada total, isto é, completa perda de memória para os fatos ocorridos após a lesão de seu sistema nervoso.

Imaginem não lembrarmos fatos de nossa vida após uma cirurgia? Ficarmos recordando o passado, mas não acreditar, não lembrar que o tempo passou (tal como naquele filme Amnésia). Angustiante para nós e para a família, não acham? Isso pode acontecer quando levamos uma pancada na cabeça que leve a uma lesão, prejudicando não só a memória, mas outras função vitais do nosso corpo.

Semana que vem tema mais notícias sobre amnésia e hipermnésia.
Ate lá.


Rerefência Bibliográfica:
Amnésia e interferência sobre a memória
www.ic.unicamp.br
Imagem Google (HM)

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